3 de setembro de 2013

ESTRÉIA EM FAXINAL DO SOTURNO


E chegou o dia.
Domingo agradável, macarronada com o grupo e depois pegar a estrada.
Faxinal não é longe de Santa Maria, em menos de uma hora chegamos lá. A estrada é repleta de belezas: a Quarta Colônia é um daqueles lugares que parece cenário de filme e com uma culinária típica italiana que só provando para saber.


Estréia não é coisa simples. Os ânimos mudam, o corpo treme por dentro, a respiração encurta. Olhando para o espelho enquanto fazia a maquiagem parecia que não era eu quem estava ali. Foram tantas as vezes em que me vi pelo espelho transformando a minha imagem, que controlei a respiração ao ouvir o público entrar, que respirei fundo antes de entrar no picadeiro. Um picadeiro que já foi palco, já foi rua, já foi sala, e que naquele dia era um salão de CTG. Quem eram aquelas pessoas que eu ia encontrar?



Segundos antes de entrar, já dentro do matrimóvel, nariz vermelho, fechei os olhos. Senti o corpo aceso antes de abrir os olhos, essas portas da alma. Ali busquei escancarar as portas para deixar entrar a cor da parede, as formas dos objetos, o tempo congelado que se forma no segundo antes de entrar na cena. 

Abri a alma para deixar entrar o desconhecido. Pedalei para dentro da cena. Sensação de desamparo. Mas ao olhar para as pessoas me senti em casa. Eles não eram estranhos. Eram seres humanos, como eu. Pessoas grandes que foram pequenas (e outros pequenos que eram pequenos) e que escondiam na janela de cada olhar uma criança me espiando. A minha criança espiava a delas enquanto um formigamento subia na espinha.




Não existia eu, nem tu, mas um nós. Um encontro. As ações, marcações, situações eram meios de tocar e ser tocado pela presença do outro. Um modo de reconhecer no outro a minha imagem, e vice-versa. Espelhamento. Teatro é a arte do encontro, mas este só acontece quando as pessoas querem se encontrar.



Sou grato aos amigos de Faxinal e Santa Maria que estiveram na estreia de O Matricômico e que permitiram que esse encontro ocorresse. E agora continuamos a viagem. Novos lugares, novos encontros. 
Evoé!

Daniel Plá





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